" (...) o espelho reflectia a mesa que se encontrava à entrada, os girassóis e o carreiro do jardim com tamanha fixidez que seria lícito julgá-los ali aprisionados para sempre. Tratava-se de um contraste estranho - aqui, tudo mudava; ali, nada se mexia. Ninguém teria sido capaz de resistir à tentação de fazer comparações. Enquanto isso, e dado todas as portas e janelas se encontrarem abertas ao calor, reinava ali uma espécie de murmúrio, a respiração de tudo o que é perene, contrastando assim com a imagem do espelho, onde nada respirava, tão envolvidas se encontravam as coisas no transe da imortalidade."
Virginia Woolf, "A Dama do Espelho"