quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Da felicidade


Madame du Châtelet (1706-1749)


Madame du Châtelet escreveu estas palavras interessantes:

"Procuremos, pois, manter-nos de boa saúde, não ter quaisquer preconceitos, ter paixões, pô-las ao serviço da nossa felicidade, substituir as nossas paixões por gostos, conservar preciosamente as nossas ilusões, ser virtuosos, nunca nos arrependermos, afastar de nós as ideias tristes (...). Pensemos, enfim, em cultivar o gosto pelo estudo, esse gosto que faz depender a felicidade apenas de nós próprios. Ponhamo-nos ao abrigo da ambição e, sobretudo, cuidemos bem de saber o que queremos ser; decidamo-nos sobre o caminho que queremos seguir para passar a nossa vida e procuremos semeá-lo de flores."
Madame du Châtelet, Discurso sobre a Felicidade

Uff! Alguém conseguirá colocar em prática tais indicações na íntegra e ser feliz?!


Madame du Châtelet (1706-1749)


Madame du Châtelet foi a mulher que no século XVIII traduziu os Principia de Newton, para tornar esta obra acessível ao público que não sabia latim. Só por isto, uma grande mulher! Vale a pena conhecer um pouco da sua biografia. Para isso, é só clicar aqui e ler.


Madame du Châtelet (1706-1749)

"À época da redacção do Discurso sobre a Felicidade, Mm. du Châtelet lançou-se na sua grande obra: a tradução dos Principia de Newton que, escritos em latim, tornavam mais difícil o acesso ao público. Clairaut, que a aconselha, confidencia ao Mestre Jacquier, grande especialista em Newton, que ela trabalha como uma escrava. O ano de 1747 é consagrado à correcção das provas da sua tradução e à continuação do Comentário, que deveria incidir apenas sobre o Sistema do Mundo e as proposições do primeiro livro dos Principia. Virá ainda a precisar dos dois anos que a separam da morte para terminar com dificuldade este trabalho excepcional."
in Prefácio de Elisabeth Badinter ( ao Discurso sobre a Felicidade de Mm. du Châtelet)


terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Ver...com poesia

Vonal, VictorVasarely



Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Marisa Monte - Preciso me encontrar

Depois de visitar o Branco e Azul, senti vontade de escutar aqui, também, no meu blog, a Marisa Monte.
Uma música bonita...com acordes da guitarra portuguesa.

Beijinhos...

E aqui está! Para quem quiser ver e saber como é um beijinho à pinguim e com pinguim! Que maravilha, no meio de tanto frio, esta ternura genuína! Adoráveis pinguins, algures no gelado Mar de Ross...

Pinguim Imperador no frio Mar de Ross
Fotografia de Maria Stenzel


E ainda, em grande plano:

Fotografia de Ralph Lee Hopkins


Philo_Sophia

Aristóteles (384-322 a. c.)


Do Espanto...


"A maravilha [ou admiração ou espanto] foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, permanecendo surpresos pelas dificuldades mais comuns; depois, a pouco e pouco, avançando mais, estenderam a sua investigação a problemas cada vez mais importantes, tais como os fenómenos da Lua, do Sol e dos astros, e, finalmente, os relativos à génese do Universo. Ora, compreender uma dificuldade e espantar-se é reconhecer a sua própria ignorância (...). Assim, portanto, se foi de facto para escapar à ignorância que os primeiros filósofos se entregaram à filosofia, é evidentemente porque eles perseguiam o saber apenas pelo conhecimento e não para um fim utilitário."

Aristóteles, Metafísica, I, 2, 982b


Das coisas que mais prazer me dão... este recordar de textos lidos e relidos com um interesse cheio de espanto e de admiração da minha parte, ao longo da vida.












sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Música

"A música é capaz de reproduzir na sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria."

Ludwig van Beethoven (1770-1827)


Para ouvir um trecho de "Para Elisa", clicar aqui
ou aqui para escolher outras pequenas músicas.

Para pensar...

Três Mundos, M. C. Escher



"A espantosa realidade das coisas
É a descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta."
Alberto Caeiro

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Sentir

Ai que preguiça... Mas é preciso ir trabalhar... Mesmo sentindo-me assim, tal e qual como este longínquo companheiro de relax...


Urso polar, Norbert Rosing

Para pensar...



"A bola de cristal" de John William Waterhouse


"Subsiste no homem actual uma certa sedução por aquilo que escapa aos limites do quotidiano. Tudo se passa como se a humanidade fosse incapaz de se contentar com o que é puramente real e racional."

David Victoroff, "Les cadres de l'opinion publique" in Encyclopédie de la Sociologie


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Esculturas humanas



Algumas das minhas favoritas...














Um Must!




Para ver mais imagens nos mesmos endereços onde recolhi estas, clique

aqui

aqui

aqui

e ainda aqui































terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Fotografia I

Tenho andado a aprender imenso sobre fotografia com uma amiga cujo blog recomendo vivamente a todos os que gostem de apreciar fotografias especiais. Foi no blog dela que vi pela primeira vez uma fotografia que me apaixonou. Bom...têm que ir ao blog dela para ver... Vale a pena. É só clicar aqui

Foi por sugestão desta amiga com um critério muito especial no que se refere a imagem que fui ver outras fotografias do mesmo autor e na verdade valeu a pena. Encontrei em várias um ambiente muito surreal que me atraiu particularmente. Qualquer coisa como uma espécie de "mistério na terra". E as tonalidades azuis provocam-me ao mesmo tempo uma sensação de irrealidade. Como se a terra se unisse às vibrações da lua. Um verdadeiro prazer... para os olhos. E, sobretudo, para a mente. Esta é, evidentemente, a minha apreciação subjectiva. Os profissionais têm concerteza outras coisas a dizer. Trata-se de Gregory Crewdson.

Foi por tudo isto que decidi colocar uma dessas fotografias aqui no meu blog em homenagem à criadora do nonblog, acima indicado, e igualmente a este artista tão especial. Acho que vai ficar enriquecido e acho que ela vai gostar.

Escolhi, por ex., esta: (clicando na fotografia, pode ver-se ampliada)


Gregory Crewdson, Untitled, 2001, Digital C-print, (ray of light from Twilight), 48 x 60 inches

É de olhar!

Gabriel o Pensador e Adriana Calcanhoto - Tas A Ver

Diferente.

Convite à leitura - Do Tempo

Marguerite Yourcenar

Esta senhora com um ar tão simples foi autora de uma expressão que nunca pude esquecer. Essa expressão é precisamente aquela que serve de título a um dos seus livros: “O Tempo, esse grande escultor”. Consiste num conjunto de textos, mais ou menos soltos, todos eles de uma riqueza inesgotável para uma leitora como eu, apreciadora do estilo. E como não me parece que se deva ler só o que é última edição, mas sim o que nos possa trazer algo de novo, recomendo para sempre esta leitura, a fazer-se sem pressa mas imprescindível. Porque é muitas vezes do passado que surge a compreensão do presente... Estes textos são um olhar carregado de fina sensibilidade, enorme sabedoria e terno despojamento, um olhar que só uma grande mulher e escritora como Marguerite Yourcenar nos poderia oferecer.

Transcrevo algumas passagens do meu particular agrado, neste livro, relativas ao modo como pode ser por nós apreciado o “antigo”nas obras de arte, nomeadamente na escultura, e porque é que o apreciamos (sendo esse o caso). Indo além deste primeiro sentido do “esculpir do tempo”, há que interpretar de uma forma mais livre e num segundo sentido possível, de acordo com a autora. O de que o tempo também nos esculpe a nós... Por isso, também podemos ser obras de arte... E disso estou certa porque já encontrei algumas dessas realizações artísticas.


“ No dia em que uma estátua é acabada, começa, de certo modo, a sua vida. Fechou-se a primeira fase em que, pela mão do escultor, ela passou de bloco a forma humana; numa outra fase, ao correr dos séculos, irão alternar-se a adoração, a admiração, o amor, o desprezo ou a indiferença, em graus sucessivos de erosão e desgaste, até chegar, pouco a pouco, ao estado de mineral informe a que o seu escultor a tinha arrancado.

(...) Esses objectos duros trabalhados para imitar formas de vida orgânica sofreram, à sua maneira, o equivalente do cansaço, do envelhecimento, da desgraça. Mudaram como o tempo nos muda. As sevícias dos cristãos ou dos Bárbaros, as condições em que viveram soterradas durante séculos de abandono até que as redescobrimos, os restauros sábios ou desajeitados por que passaram, bem ou mal, as sucessivas camadas, verdadeiras ou falsas, que nelas se foram sobrepondo, tudo, até a atmosfera dos próprios museus onde hoje se encontram encerradas, marca o seu corpo de metal ou pedra para todo o sempre.”

Marguerite Yourcenar, “O Tempo, esse grande escultor”


Aspasia


E ainda:

“ Algumas destas modificações são sublimes. À beleza, tal como a concebeu um cérebro humano, uma época, uma forma particular de sociedade, elas juntam a beleza involuntária que lhes vem dos acidentes da História e dos efeitos naturais do tempo. Estátuas tão bem quebradas que de cada fragmento nasce uma obra nova, perfeita pela própria segmentação (...).

(...) Por vezes a erosão do tempo e a brutalidade dos homens unem-se para criar uma aparência única que não pertence a nenhuma escola e a nenhum tempo: (...).


Rodin, Les Bourgeois de Calais


Os nossos pais restauravam as estátuas; nós tiramos-lhes os narizes falsos e as próteses que lhes acrescentaram; os nossos filhos farão com certeza outra coisa. O nosso ponto de vista actual representa ao mesmo tempo um ganho e uma perda. (...) Mas esse gosto exagerado do restauro que caracterizou todos os grandes coleccionadores a partir do Renascimento, e durou quase até aos nossos dias, tem razões mais profundas do que a da simples ignorância ou o convencionalismo ou gosto grosseiro do arranjo. Talvez mais humanos do que nós, pelo menos no campo das artes, em que procuravam sensações felizes, possuidores de uma outra sensibilidade, os nossos antepassados não gostavam das obras de arte mutiladas, das marcas de violência e morte nos deuses de pedra. Os grandes amadores de antiguidades restauravam por piedade, por piedade nós desfazemos a sua obra. Talvez nos tenhamos habituado de mais à ruína e aos ferimentos. Duvidamos de uma continuidade do gosto ou do espírito humano que torne possível a Thorvaldsen reparar Praxíteles.”

Marguerite Yourcenar, O Tempo, esse grande escultor


Praxíteles, Hermes



Thorvaldsen, escultor dinamarquês, séc. XVIII-XIX


Thorvaldsen, Estátua de Copérnico, Varsóvia

“ Aceitamos mais facilmente que essa beleza, separada de nós, abrigada em museus e não já em nossas casas seja uma beleza etiquetada e morta. O nosso sentido do patético compraz-se nestas imperfeições; a nossa predilecção pela arte abstracta faz-nos amar estas lacunas, essas fissuras que neutralizam de algum modo o poderoso elemento humano desta estatuária. De todas as modificações causadas pelo tempo, nenhuma afecta tanto as estátuas como a alteração do gosto daqueles que as admiram.”

Marguerite Yourcenar, O Tempo, esse grande escultor



Giacometti


O Humano...de carne e osso

Dorothea Lange, Migrant Mother

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Um poema sabe sempre bem

Venha o sol que vier, é uma promessa
O que a manhã nos traz na sua alvura.
É outra vez a vida que começa
Aberta de inocência e de frescura.

Cipreste frio, a noite! Cor impura
Triste alegria a tinta negra impressa.
Venha o sol que vier, tem mais altura
O sonho que se veja e que se meça.

Claro como a verdade - diz o povo.
Doce como um começo, o fruto novo
Onde reluz o laivo que o pintou.

Venha o sol que vier, é um outro dia
No límpido país da fantasia
Que a nossa escuridão iluminou
.

Miguel Torga

Saudades - Texto Miguel Falabella - Motivacional

Uma música do acaso...

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Do Amor

Magritte, O Sedutor

“ (...) O amor de alguém é um presente tão inesperado e tão pouco merecido que devemos espantar-nos que não no-lo retirem mais cedo. Não estou inquieto por aqueles que ainda não conheces, ao encontro de quem vais e que porventura te esperam: aquele que eles vão conhecer será diferente daquele que eu julguei conhecer e creio amar. Não se possui ninguém (mesmo os que pecam não o conseguem) e, sendo a arte a única forma de posse verdadeira, o que importa é recriar um ser e não prendê-lo. Gherardo, não te enganes sobre as minhas lágrimas: vale mais que os que amamos partam quando ainda conseguimos chorá-los. Se ficasses, talvez a tua presença, ao sobrepor-se-lhe, enfraquecesse a imagem que me importa conservar dela. Tal como as tuas vestes não são mais do que o invólucro do teu corpo, assim tu também não és mais para mim do que o invólucro de um outro que extraí de ti e que te vai sobreviver. Gherardo, tu és agora mais belo que tu mesmo.
Só se possuem eternamente os amigos de quem nos separamos.”

Marguerite Yourcenar, Gherardo Perini in "O Tempo, esse grande escultor"

sábado, 17 de fevereiro de 2007

HOMENAJE A CHAPLIN

E como é Carnaval... eis um exemplo de genuína e pura alegria! Com ou sem máscaras, à escolha de cada um.

Contributo para a Wikipédia: "O que é um Blog?"

Um blog é mais uma forma de expressão criada pelo ser humano. Desde as pinturas rupestres e outras formas de expressão anteriores e desconhecidas, passando por todas as outras que conhecemos, até ao blog.
Idealmente, sem pretensões de qualquer natureza, o blog é o lugar onde cada um se expressa e expressa o que lhe diz alguma coisa. Uma espécie de “sala de visitas” na casa de cada um. Se tem pretensões específicas de alguma natureza, o blog é o lugar onde essas pretensões podem ser manifestadas e avaliadas pela blogosfera.
A.P.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Keeping True to the Idea

David Lynch: eis alguém que tem ideias e que sabe o que quer.
Ele é de uma expressividade cativante!

A dada altura, refere-se a "atma", ou seja, a uma outra palavra para designar a "alma" ou "espírito". A "auto-consciência de si"... é este o sentido, uma postura face ao mundo e à vida onde se poderá encontrar maior harmonia com o todo da natureza. E o caminho para a não-violência.

É interessante, para mim, encontrar David Lynch em relação com a filosofia, designadamente, com as filosofias orientais. Ainda não explorei o tema com o rigor necessário, mas é uma óptima sugestão para pesquisar.

Esta pequena entrevista parece-me extraordinária na sua sabedoria e sobretudo quanto à fidelidade a uma ideia. Se ela é a que temos e queremos concretizar, só nos resta encontrar a sua harmonia com o todo. Porque ela já faz parte de nós...

Pode clicar-se para consulta, quanto a estas questões relacionadas com a expressão "atma", aqui

e aqui


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Michael Nyman - The Heart Asks The Pleasure First

Feliz Dia de S. Valentim


Cassini-Huygens

Flores e um anel para o Dia dos Namorados

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Mambo Craze

De Phazz

Morcheeba - Rome Wasn't Built in a Day

Dispõe-me mesmo muito bem...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Simply Red- Oh! What a Girl!

Dispõe-me bem...

A propósito da IVG...


Um excelente filme para rever

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Agradecimentos


Agradeço a todos os amigos(as) e conhecidos(as) o apoio que de uma maneira ou de outra me foi dado para este blog. Igualmente pela influência exercida que despoletou a vontade de eu também construir um. Em especial, muito obrigada pela constante partilha de informação, materiais e ideias.

Convite à leitura: Paul Auster ( I )

Inicio este meu convite à leitura com livros de Paul Auster, um dos meus escritores preferidos.

Atribuí ao meu blog o título de “Música do Acaso”. Bom, a expressão não é da minha autoria mas sim retirada, precisamente, do título de um livro deste escritor norte-americano. Escritor que é alvo da minha maior admiração. Quando pensei em nomear o meu incipiente blog, ocorreu-me logo algo que me permitisse homenagear, mesmo que modestamente, este escritor da minha predilecção. Abrir o meu blog tornou-se assim uma constante recordação dos dias em que li este livro, “Música do Acaso”.

São muitos os livros de Auster que recordo com especial gosto. Embora não tenha lido todos os que escreveu, destaco: “ A Trilogia de Nova Iorque”, “Leviathan” e “A Música do Acaso”. Destaco porque são os meus preferidos. Não necessariamente os melhores, mas de certeza bons.

Estou à espera da edição portuguesa do seu último livro: Travels in the Scripttorium”. À espera porque gosto de ler na minha língua. Felizmente existem tradutores! Pelo que li em diagonal deste novo livro, já editado em inglês, julgo ter que o acrescentar à minha lista de favoritos. Parece-me, mais uma vez, genial.

Acredito, como por vezes se diz, que um livro pode mudar a nossa vida, tal como um filme ... Há muitas coisas que podem mudar a nossa vida, é certo. Mas um livro, com o seu ruído silencioso, pode passar despercebido. E, no entanto, pode ser tão poderoso! Os livros de Paul Auster são deste tipo.


Actualmente, Paul Auster é considerado, justamente, um dos melhores escritores norte-americanos. Todos os seus livros têm um estilo algo experimental, o que nos revela a sua permanente busca de uma expressão reveladora da verdadeira dimensão do humano, por vezes pouco clara e difusa, para nós. E que ele consegue reflectir literariamente pelos processos aparentemente mais simples, carregando de originalidade toda a construção dos seus enredos, assim como dotando-os de um nível de densidade existencial absolutamente devastador.


A meu ver, há um tema recorrente em Paul Auster, talvez a sua principal preocupação: a liberdade. Obviamente, outros temas igualmente recorrentes se misturam com este. No entanto, a minha leitura de Paul Auster situa-se inequivocamente no campo da difícil questão da liberdade. São múltiplas e geniais as formas utilizadas por Auster para nos colocar essa questão. No caso particular de “A Música do Acaso”, trata-se da liberdade e suas armadilhas. Todo o livro tem um significado especial para mim, o qual se deve ao impacto que teve, outrora, nas minhas interrogações existenciais.

Existe um outro tema insistente em Paul Auster, o qual não pode deixar de ser também assinalado: o do acaso. Quer dizer, em rigor, na minha óptica, liberdade e acaso constituem um só tema ou questão recorrente: a existência do acaso fundamenta a liberdade? Nem tudo está pré-determinado, ou se está, o ser humano faz tudo para escapar a esse determinismo. O facto de existir acaso prova que a liberdade é possível. Tudo começa por uma iniciativa mais ou menos clara para escapar aos condicionalismos aprisionantes, por parte de um personagem central ou não, conforme o enredo, personagem com o qual, de uma maneira ou de outra, nos identificamos. Depois desse primeiro pontapé de saída dado por este personagem , por vezes dado por acaso, a teia de acontecimentos decorrentes do mesmo acaso, acaba por aprisionar de novo. Conduzimos a nossa vida ou somos conduzidos por “alguma coisa”? Finalmente, vence a liberdade. E com o último acto radicalmente livre: o suicídio. Elemento perigoso e aqui entendido apenas como conclusão inevitável da procura da liberdade, na sua vertente teórica e imagética. É uma metáfora do beco sem saída que pode ser a liberdade. Não penso que Paul Auster defenda o suicídio como desfecho em caso algum da nossa vida. Parece-me antes que pretende retomar a problemática da liberdade, num sentido radical, mostrando que o absurdo existe e que muitas vezes tornamos as nossas existências absurdas, pela sede de liberdade. Pode concluir-se, assim, que a liberdade é um estado difícil, um modo de ser em permanente desafio. E que a liberdade, apesar de tudo, vale sempre a pena. Só não somos livres de sermos livres. Isto, referindo-me, em particular, ao “A Música do Acaso”, mas não só. Isto, pela minha leitura mais que mastigada, confesso. E discutível. E filosófica. Que se refere, sobretudo, aos títulos de Paul Auster que antes assinalei. Mas será assim ou não? A minha leitura será certamente uma entre muitas possíveis.

É por isso que... as palavras de Paul Auster poderão dizer muito mais do que eu:



(...) Depois dessa segunda noite, Nashe apercebeu-se de que já não tinha o controlo da situação, que tinha caído nas garras de uma força qualquer desconcertante e avassaladora. Ele era como um animal louco, correndo cegamente de um vazio para o seguinte, mas, independentemente de decidir diversas vezes parar, não conseguia fazê-lo. Todas as manhãs ia dormir dizendo para consigo que já chegava, que aquilo tinha acabado, e todas as tardes acordava com o mesmo desejo, a mesma ânsia irresistível de se arrastar de novo para o carro. Ele queria aquela solidão outra vez, aquela corrida pela noite através do vazio, aquela deambulação pela estrada ao longo da sua pele. Manteve aquilo durante a totalidade das duas semanas e cada dia avançava um pouco mais longe, cada dia tentava ir um pouco mais longe do que no dia anterior.”

Paul Auster in “A Música do Acaso”

E ainda:

“ Nashe não tinha nenhum plano definido. Quanto muito, a ideia era deixar-se andar à deriva durante um tempo, viajar de um lado para o outro a ver o que acontecia. Imaginou que ficaria farto daquilo depois de uns dois meses e nessa altura sentar-se-ia e preocupar-se-ia com o que havia de fazer a seguir. Mas passaram-se dois meses e ele ainda não estava preparado para parar. A pouco e pouco, tinha-se apaixonado pela sua nova vida de liberdade e irresponsabilidade, e uma vez que ela aconteceu, já não havia razão alguma para parar.

A velocidade era a essência, o prazer de se sentar no carro e de se lançar violentamente para a frente através do espaço. Isso tornou-se um bem acima de todos os outros, uma fome para ser alimentada a qualquer preço. Nada à sua volta durava mais do que um momento, e como um momento se seguia a outro, era como se apenas ele continuasse a existir. Ele era um ponto fixo num turbilhão de mudanças, um corpo a pairar numa quietude total enquanto o mundo corria através dele e desaparecia. O carro tornou-se um sacrário de invulnerabilidade, um refúgio onde nada o poderia magoar nunca mais. Enquanto estava a guiar, não carregava fardos, estava livre até mesmo da mais ínfima partícula da sua vida anterior. Isto não é dizer que não tinha memórias, só que elas já não pareciam trazer nenhuma da antiga angústia. Talvez a música tivesse alguma coisa a ver com isso, as intermináveis cassetes de Bach e Mozart e Verdi que ele ouvia enquanto ia sentado atrás do volante, como se os sons estivessem de algum modo a emanar dele e a inundar a paisagem, tornando o mundo visível num reflexo dos seus próprios pensamentos. Depois de três ou quatro meses, tivera apenas de entrar no carro para sentir que estava a soltar-se do seu corpo, que mal punha o pé no acelerador e começava a guiar, a música levava-o para uma esfera de leveza.”

Paul Auster in “A Música do Acaso”

Ou ainda também:

“Ele não conseguiu deixar de sentir pena dela, mas este sentimento estava também impregnado de admiração – talvez algo mais do que isso: uma suspeita de que ela podia ser alguém que ele podia amar, afinal. Por um breve momento, esteve tentado a pedir-lhe que casasse com ele, imaginando de repente uma vida de frases espirituosas e sexo afectuoso com Fiona, Juliette a crescer com irmãos e irmãs, mas não conseguia fazer com que as palavras lhe saíssem da boca.
- Vou estar fora por pouco tempo – disse por fim. – Chegou a altura da minha visita a Northfield. És bem vinda se quiseres vir comigo, Fiona.
- Claro. E o que faço com o meu emprego? Três dias doente de enfiada é ir um bocado longe demais, não achas?
- Tenho de ir ver Juliette, sabes isso. É importante.

- Há muitas coisas que são importantes. Não desapareças para sempre, só isso.
- Não te preocupes. Vou voltar. Agora sou um homem livre e posso fazer o que me der na gana.
- Estamos na América, Nashe. A casa da maldita liberdade, lembras-te? Podemos todos fazer o que queremos.
- Não sabia que eras tão patriótica.
- Aposta o teu último dólar, amigo. É o meu país, certo ou errado. É por isso que vou esperar que apareças outra vez. Porque sou livre de fazer figura de parva.
- Já te disse que vou voltar. Acabei de fazer uma promessa.
- Eu sei que fizeste. Mas isso não quer dizer que vás cumpri-la.”


Paul Auster in “A Música do Acaso”

De qualquer forma, um autor absolutamente a não perder, de leitura interessante e original, com sequências absolutamente cinematográficas e simultaneamente, literariamente denso, profundo e inquietante. Um autor cujos romances estão repletos de surpresas, porque a vida pode ser realmente surpreendente.

(a continuar)

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Um poema sabe sempre bem... e um herói também

Recordar Mandrake...



Acordai homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis
Vinde no clamor das almas viris
Arrancar a flor que dorme na raiz!

Acordai raios e tufões

Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar de astros e canções
As pedras e o mar, o mundo e os corações!
Acendei de almas e de sóis
Este mar sem cais
Nem luz de faróis
E acordai depois das lutas finais
Os nossos heróis que dormem nos covais!

José Gomes Ferreira


Tenho muitas saudades dos meus heróis! Alguns, ainda é possível rever mas outros...desapareceram.
Heróis a desenterrar...tantos!
Um dos meus heróis preferidos foi, sem dúvida, este:




Será possível mais alguém recordá-lo? Adorava que sim.
Recuperando informação sobre Mandrake:

" Eis Mandrake, um herói clássico da banda desenhada norte-americana cujo nome se inspira na planta homónima, a mandrágora, a quem os antigos atribuíam propriedades mágicas. (...) combate o crime e os seus agentes. Viaja pelo Oriente - vai diversas vezes à Indía e ao Tibete - e percorre mesmo mundos estranhos e fantásticos, passando por principados bizarros, países liliputianos e até pela "dimensão x", debatendo-se com plantas carnívoras,máquinas bizarras, borboletas encantadas, gigantes,seres humanos com cristas, múmias e outras criaturas terríveis. (...)"
(Retirado de Heróis da BD, Carlos Pessoa, Mandrake)

Quem quiser lembrar este herói e ler mais informação sobre ele, pode clicar, por ex., aqui em Mandrake


foi de onde retirei a passagem anterior acerca desta figura simbólica da magia e do ilusionismo, da inteligência e da clarividência, da elegância e do exotismo.Pena é que tenha culminado numa quebra de criatividade, onde o seu universo fantástico se veio a perder.

Quem me dera viajar no tempo, de novo instalada num sofá, devorando estas mágicas aventuras de Mandrake! Hei-de ver se encontro alguns destes livrinhos por aí...e reviver as sagas.











sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Um clássico do Iluminismo


O dia 11 de Fevereiro aproxima-se e a nossa decisão acerca da IVG tem que ser tomada. Transcrevo aqui um excerto de um texto do grande filósofo alemão Immanuel Kant. Porque creio serem as suas palavras as mais fortes para nos fazerem pensar no valor que têm as decisões que tomamos. A filosofia não é um amontoado de conteúdos meramente teóricos sem qualquer possível utilização, mas, ao contrário, um apelo ao pensar autónomo e sobretudo a um agir consciente.
Uma questão tão séria para nós, enquanto seres humanos rumo a um futuro, não deve ser deixada ao acaso. Na verdade, todos nós somos tomados por emoções, mais ou menos contraditórias, acerca de questões polémicas. No entanto, questões como esta, envolvendo posições de natureza eminentemente ética, justificam um assumir da nossa condição de seres racionais. Porque nunca é demais estarmos certos da justeza das nossas decisões e, neste caso, sem dúvida, da sua universalidade. É impossível um sistema jurídico que permita tratar na perfeição cada caso como único. Não passa de utopia. Nesta medida, muitas vezes, torna-se necessária uma suspensão, não do juízo (esse exige-se) mas da emoção. Talvez assim os valores que queremos preservar para a Humanidade possam ser identificados mais claramente. A questão da IVG é, antes de mais, uma questão de valores. Difícil será escolher entre o valor da liberdade e o valor da vida. Mas a nossa hierarquia de valores tem que ser estabelecida, agora. Que cada um possa fazê-lo, pensando por si próprio, é o que mais se deverá desejar. Não é uma decisão fácil e também sabemos que não há soluções perfeitas. Mas é preferível um engano consciente a um silêncio desinteressado. Parece-me. Porque errar é humano. De qualquer modo, só tem hipótese de errar quem tenta. E só quem tenta pode contar para um mundo melhor.

É possível que as nossas decisões consequentes sejam perturbadas negativamente pelos ruídos do mundo mas nunca pelas palavras de um filósofo com esta nobreza de pensamento. Tais palavras, permanecendo actuais, só podem ser um apelo e um incentivo à nossa efectiva intervenção na vida pública enquanto cidadãos do mundo e cidadãos portugueses.
Participe-se no referendo!


" O Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.

A preguiça e a cobardia são as causas porque os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio continuem, no entanto, de boa vontade menores durante toda a vida; e também por que a outros se torna tão fácil assumirem-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor.Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu cargo a superintendência deles. (...)

É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir do seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer uma tal tentativa. Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional ou, antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais pequeno fosso, porque não está habituado a este movimento livre. São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade e iniciar então um andamento seguro.

Mas é perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é quase inevitável, se para tal lhe for dada liberdade. Com efeito, sempre haverá alguns que pensam por si, mesmo entre os tutores estabelecidos da grande massa que, após terem arrojado de si o jugo da menoridade, espalharão à sua volta o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem para por si mesmo pensar. Importante aqui é que o público, o qual antes fora por eles sujeito a este jugo, os obriga doravante a permanecer sob ele quando por alguns dos seus tutores, pessoalmente incapazes de qualquer ilustração, é a isso incitado. Semear preconceitos é muito pernicioso, porque acabam por se vingar dos que pessoalmente, ou os seus predecessores, foram os seus autores. Por conseguinte, um público só muito lentamente pode chegar à ilustração. Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.

Mas, para esta ilustração, nada mais se exige do que a liberdade. Mas agora ouço gritar de todos os lados:
não raciocines! Diz o oficial: não raciocines mas faz exercícios! Diz o funcionário de Finanças: não raciocines, paga! E o clérigo: não raciocines, acredita! Diz o senhor mundano: raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre o que quiserdes, mas obedecei! Por toda a parte se depara com a restrição da liberdade!"

Kant, « O Que é o Iluminismo?», in A Paz Perpétua e Outros Opúsculos


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

MESA - tributo

Mais música portuguesa da boa...

O Tempo...

Todas as coisas têm o seu tempo

e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.

Há tempo para nascer e tempo para morrer.

Tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou.

Tempo para matar e tempo para dar vida.

Tempo para destruir e tempo para edificar.

Tempo para chorar e tempo para rir.

Tempo para se afligir e tempo para dançar.

Tempo para espalhar pedras e tempo para as ajuntar.

Tempo para dar abraços e tempo para se afastar deles.

Tempo para adquirir e tempo para perder.

Tempo para guardar e tempo para atirar fora.

Tempo para rasgar e tempo para coser.

Tempo para calar e tempo para falar.

Tempo para amar e tempo para odiar.

Tempo para a guerra e tempo para a paz.

Eclesiastes
,3,1-8


Sinceramente, a mim, falta-me o tempo para dezenas de coisas! Falta-me tempo para o blog, falta-me tempo para mim,etc,etc,etc... Mas é sempre bom relembrar perspectivas optimistas, como a deste poema muito antigo e verdadeiramente anti-stress!
Posto isto, deve haver tempo para o blog e tempo para deixar o blog, tempo para trabalhar e tempo para descansar, tempo para amar e tempo para pensar... e por aí fora...

Ne me quitte pas - Jacques Brel

Um registo que nos deixa sem palavras...Só mesmo as do Jacques Brel.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Dire Straits - Money For Nothing

Um bom rock dos anos 80 que sabe bem relembrar.Dos meus preferidos.
O Mark Knopfler era muito giro!

The Gift - Facil de Entender

Boa música portuguesa.Os The Gift estão de parabéns!

Reminiscências juvenis

Paula - Henri Matisse


Uma amiga perguntou-me qual a razão deste meu interesse pela astronomia que lhe parecia estranho.

Bom, ela merece uma resposta.

Desde miúda que me fascinou olhar os céus. Especialmente o crepúsculo e finalmente, a noite.

Eu era, nessa época, capaz de ficar horas a admirar o céu. No meu íntimo, embora não o revelasse a ninguém, aguardava por testemunhar algo que se situasse no domínio do insólito. Na verdade, nunca aconteceu. A não ser a devastadora beleza das estrelas, a imensidão dos céus, o infinito por conhecer. E a consciência de tudo isso. O meu pai indicava-me, percebendo o meu interesse, ali está a Ursa Maior, ali a Menor, mais além Vénus... E eu admirava-me.

Disse Aristóteles que a filosofia nasceu a partir do espanto. Já então, eu sentia um certo espírito dessa natureza. E sempre desejei não perder essa capacidade. A de me admirar. Ainda a conservo, por enquanto. Depois...veremos.

Naturalmente, mais tarde, pude saber que os primeiros filósofos tiveram sempre um grande interesse pelo firmamento. Foi assim que surgiram as primeiras cosmologias. Ao estudá-los, senti que me encontrava no meu elemento. E o tempo foi passando...

Hoje, depois de um período de intensa sede de conhecimento sobre astrofísica (claro que nada de muito rigoroso), esse interesse foi-se misturando com outros. Mas há sempre umas reminiscências que me dão imenso prazer. Continuo a apreciar a hipótese de outros universos, paralelos ou não, talvez existam outros mundos... Quem terá a sorte de os descobrir?