A inquietação germina quando olhamos à nossa volta e absorvemos o que constitui o nosso mundo.
Gostaria de acreditar ainda nos sonhos. Aqueles que impulsionam para a acção e pelos quais não desistimos de tentar melhorar o mundo.
Utopias para quê?, dirão alguns... Pois a mim parece-me que, em certos dias, em certas horas, só mesmo um pouco de existir utópico nos pode dar o oxigénio de que precisamos para respirar e aqui permanecer.
Absorver o mundo pode ser devastador. Vão-se os sonhos da inocência, os sonhos da infância doce e serena, os sonhos de que existe justiça, os sonhos de que o crime não compensa, os sonhos de que existimos para construir e não para destruir. O sonho de que podemos todos ser um pouco felizes...
A cisão entre sonho e realidade é, hoje, brutal. Viver num mundo paralelo, perfeito e bonitinho, seria fuga. Viver num mundo onde a ilusão já é quase só virtual, é fuga também. A não-fuga implica "pegar" na realidade e transformá-la para a tornar mais humana. Mas, por onde começar? A ruptura do nosso eu interior começa quando tomamos nota do que vai pelo mundo global , a uma escala que hoje é a nossa. Mas onde está a nossa capacidade de intervir nele globalmente? Será que esta nova escala nos endurece tanto que ficamos incapazes de agir?
Como posso ajudar e melhorar a situação de tantas crianças africanas, por ex., que vejo morrer de fome na televisão? Como posso impedir que tanta gente morra num hospital de um lugar recôndito do mundo, sem as condições sanitárias e a dignidade devidas enquanto seres humanos? Como posso conviver com a ideia de que todos os dias, tantas crianças desaparecem no mundo? Como posso sentir a dor de todos e de tantos, quando estou limitada a sentir com autenticidade os casos um a um? É certo que posso fazer alguma coisa, é certo. Mas parece sempre tão pouco... No entanto, sinto que não é permitido desistir.
Pode a dor tornar-se uma mera abstracção?
Como lidar com o irracional que permanentemente parece irromper na nossa condição de seres racionais?
Gostava que um pouco mais de sonho civilizacional penetrasse na realidade...
Como disse o nosso poeta António Gedeão:
Utopias para quê?, dirão alguns... Pois a mim parece-me que, em certos dias, em certas horas, só mesmo um pouco de existir utópico nos pode dar o oxigénio de que precisamos para respirar e aqui permanecer.
Absorver o mundo pode ser devastador. Vão-se os sonhos da inocência, os sonhos da infância doce e serena, os sonhos de que existe justiça, os sonhos de que o crime não compensa, os sonhos de que existimos para construir e não para destruir. O sonho de que podemos todos ser um pouco felizes...
A cisão entre sonho e realidade é, hoje, brutal. Viver num mundo paralelo, perfeito e bonitinho, seria fuga. Viver num mundo onde a ilusão já é quase só virtual, é fuga também. A não-fuga implica "pegar" na realidade e transformá-la para a tornar mais humana. Mas, por onde começar? A ruptura do nosso eu interior começa quando tomamos nota do que vai pelo mundo global , a uma escala que hoje é a nossa. Mas onde está a nossa capacidade de intervir nele globalmente? Será que esta nova escala nos endurece tanto que ficamos incapazes de agir?
Como posso ajudar e melhorar a situação de tantas crianças africanas, por ex., que vejo morrer de fome na televisão? Como posso impedir que tanta gente morra num hospital de um lugar recôndito do mundo, sem as condições sanitárias e a dignidade devidas enquanto seres humanos? Como posso conviver com a ideia de que todos os dias, tantas crianças desaparecem no mundo? Como posso sentir a dor de todos e de tantos, quando estou limitada a sentir com autenticidade os casos um a um? É certo que posso fazer alguma coisa, é certo. Mas parece sempre tão pouco... No entanto, sinto que não é permitido desistir.
Pode a dor tornar-se uma mera abstracção?
Como lidar com o irracional que permanentemente parece irromper na nossa condição de seres racionais?
Gostava que um pouco mais de sonho civilizacional penetrasse na realidade...
Como disse o nosso poeta António Gedeão:
"(...) sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança..."
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança..."
( A imagem é de autor desconhecido)