quarta-feira, 9 de maio de 2007

Roma

" Sou homem. Nada do que é humano me é alheio" - Terêncio
(O Homem que se Castiga a si mesmo, 25)


Vorenus
"Roma" é a magnífica série que é possível acompanhar de 2ª a 6ª na RTP2. Por mim, tenho andado muito interessada neste enredo. Parece-me muito bem feita, concebida de forma atraente, com todos os ingredientes de traição, intriga, amores e desamores que cativam a atenção e fazem ansiar pelo próximo episódio.
Vorenus é uma das figuras centrais nesta 1ª temporada da série. A meu ver, representada por um actor deveras interessante que aqui nos aparece na pele de um soberbo militar romano: um Evocati (para informação sobre estes e outros militares da Roma Antiga, clicar aqui).

Vorenus e Níobe

São dignas de destaque as cenas de reconstituição histórica a nível do ambiente das ruas: a sua agitação, o seu colorido, os hábitos e costumes do povo, a mistura das classes sociais, o ambiente de grande ebulição presente nos acontecimentos quotidianos. Uma Roma efervescente!
Igualmente interessante a forma como a condição feminina da época é retratada.

Evocati (Vorenus)

Mas, para além dos enredos e intrigas menores que nos fazem reflectir sobre as possíveis verdadeiras razões do curso da História, a série cativa especialmente pela forma interessante e impressionante como nos mostra determinados aspectos da criação da República e sua transição para o Império Romano: a ambição, a lealdade, a coragem, o desejo de poder, a ânsia de domínio, as múltiplas traições e conspirações, a conquista de territórios, a evolução de uma civilização, o desregramento de hábitos e costumes característicos dos ricos e poderosos, a escravatura...etc.
Acima de tudo, a série é motivo para aguçar a curiosidade em relação à conturbada e violenta história de Roma, assim como em relação aos aspectos característicos da sua civilização. Recordar factos "adormecidos" na memória e "acordar" inúmeras interrogações que este período histórico nos coloca.
O passado é sempre uma óptima forma de poder compreender melhor o presente e projectar o futuro. Por exemplo, um aspecto incontornável, acerca de Roma, é o seu "espírito bélico". Considerar o modo como o exército se encontrava organizado, a sua extraordinária disciplina, o pragmatismo das decisões, as estratégias adoptadas, a dignidade presente ou ausente na conduta dos militares, grandes generais ou meros soldados, ... tudo nos pode fazer pensar. E de forma agradável e atraente.

Júlio César

Mas há um aspecto da série que me inquietou bastante. Não faço ideia se é pura sugestão minha ou se existe, de facto, algum conteúdo efectivamente inquietante. Há um certo ambiente de fascínio imperialista, de ímpeto guerreiro, de ideais de ambição desmedida que podem sugerir certo tipo de objectivos, transportando-nos, agora, para um passado muito mais recente e até para um (im)possível presente.
A leitura a fazer das imagens convém ser cuidadosa e cautelosa. Parece-me... É evidente que Imperador é Imperador e não é possível retratá-lo a não ser como ditador. Interessante é o facto de Júlio César não ter sido Imperador de Roma, mas sim «Ditador». No entanto, todo o seu perfil e todo o seu percurso parecem abrir caminho aos futuros Imperadores. Mesmo sendo um "ser humano" ditador, com toda a sua "humanidade". E claro que depois da ascensão, virá a queda...

Júlio César

Concretamente, senti uma certa inquietação perante esta imagem "sedutora" de comemorações vitoriosas na Roma Antiga:



(imagens e toda a informação sobre a série aqui)