terça-feira, 17 de julho de 2007

O tempo dos heróis...


Neste Verão que anda meio tristonho do ponto de vista climático, apetece-me, no entanto, encher tudo de música e de recordações das que mais me fazem feliz!

Bom, eu fui muito feliz quando vivi o tempo dos heróis, aquele tempo onde tudo parecia estar ao alcance de certas figuras humanas muito especiais e cheias de poderes, por isso mesmo. Poderia referir uns quantos dos meus heróis de estimação, mas fica para o futuro, quando a nostalgia positiva de novo me invadir... Por agora, fico-me por um. E um daqueles... daqueles com quem andei mesmo "entusiasmada"!

Pois é. Está à vista que é o tão conhecido e famoso Sherlock Holmes. Este senhor-detective criado por um escritor que aprecio sobremaneira (mais um! o que vale é que admiro imensos...!), ou seja, pelo brilhante Sir Arthur Conan Doyle. Este detective tão british fez as delícias não só da minha imaginação mas também, como é de prever, da minha mente racional, apoiada na descoberta fascinante do raciocínio lógico-dedutivo. Épocas houve em que esta vertente do Sherlock Holmes se tornou, para mim, um vício. Não tendo novas aventuras para ler, lia e relia as já lidas e sobejamente conhecidas. Não me arrependo. Foram horas de verdadeiro prazer e de grande concentração.

Não posso esquecer-me do grande desgosto que tive quando me apercebi de que o famoso Sherlock Holmes não existia de facto. Foi difícil interiorizar a realidade: Holmes foi sempre uma figura criada por um outro, Arthur Conan Doyle! Consegui ultrapassar o trauma relativo transferindo a minha admiração, precisamente, para o autor das célebres aventuras de Sherlock Holmes.


Sir Arthur Conan Doyle

Outros desgostos foram igualmente algo devastadores:
- Sherlock Holmes morreu, a dada altura. Inacreditável! Alguém assim não pode morrer! Felizmente, depois, ele voltou e com novas aventuras...
-Sherlock Holmes não era perfeito, apercebi-me. Tinha inúmeros defeitos, até. Vícios, por exemplo.

Mas hoje...vivo o meu encanto por esta personagem de modo muito diferente. Hoje, para mim, este herói existe, pois se está vivo na minha memória e na minha imaginação, ele é real. Tão real como gente de carne e osso!
Por outro lado, hoje, a meu ver, o encanto que possui é bem maior! Sobretudo porque tem defeitos, fraquezas, vícios... É um herói, sim, continua a sê-lo, mas um herói que aos meus olhos surge fantasticamente humano. Agora, a humanidade apresenta-se-me, em muitos aspectos, com mais encanto do que uma qualquer super-humanidade.

Digamos que se trata da recuperação adulta de um herói da adolescência. Duvido que a minha simples homenagem lhe faça a devida justiça. A ele e ao seu brilhante autor. Este, aliás, tem inúmeras outras obras literárias muito interessantes também. Que me apetecia reler. Mas o tempo foge... Espero conseguir reler mais algumas e ler outras que estão em falta. Quer um, quer outro, são daqueles seres que jamais quero esquecer. Se puder.

Encontrei esta inesperada combinação, entre as Aventuras de Sherlock Holmes e uma música dos anos 70, no Youtube. Por certo, é de notar o anacronismo que nela se torna algo gritante. Mas foi por isso mesmo que me agradou. Precisamente porque Sherlock Holmes é do passado em que foi criado, é dos anos 70 (magnífica Carly Simon!) e é de hoje. Será sempre de qualquer época, para mim.
Por outro lado, todo o brilho pode ser vão, pode apagar-se, mas o verdadeiro brilho mantém-se como chama acesa na nossa memória, para lá da passagem do tempo que possa esbatê-lo...


É igualmente inesquecível o Dr. Watson e a amizade entre ele e Sherlock Holmes. Muito do que entendo por amizade, encontrei nestas suas histórias. Uma amizade que sempre me fez pensar em complementaridade. Watson com os "pés na terra" (algo que também faz falta!) e Holmes "perdido" em exercícios lógico-dedutivos, completamente alheado das necessidades mais elementares. Porque o elementar para ele possuía outro significado.



Porque gosto destas figuras, destas histórias? Bom, a mim, parece-me óbvio. O próprio Sherlock Holmes diria ao seu grande amigo, em resposta a esta questão, tal como a tantas outras... :
"Elementar, meu caro Watson!"

(Imagens de autores desconhecidos)