Foi há anos atrás num fim de tarde. Estava frio e nas ruas a atmosfera era de tristonho bulício cortada pelo calor húmido e cinzento que pairava nos cafés. Ele entrou exactamente naquele com ar de quem quer vencer todas as situações. Olhou vagamente em redor e atirou um olhar directo para o balcão. Sabia quem procurava. E ali estava ela receosa. Face a um conhecido desconhecido. Tal como tudo é sempre, mesmo que julguemos que não. Encarou-o ainda ao longe, antes de se cumprimentarem. Depois, foram falando. Mas ela tremia com falta de jeito. Ele não. A segurança da situação estava na sua mão. E o prazer de sentir esse comando e direcção era evidente, espelhado no seu rosto imperturbável onde só os olhos brilhavam. Aconteceu assim num dia esperado numa vida inesperada. Tal como tudo acontece ser.

Tudo se deu naquele dia, naquele encontro. Não sei se o primeiro, segundo ou terceiro. A ordem não importa. O instante sim. No momento etéreo quando o olhar olhou - entendeu - e o outro olhar só viu o que era magia. A vida às vezes faz-se em sintonia. Quando as vozes são da mesma ternura. Basta uma só vez para valer a pena.
(Tenho que recriar o resto da história!)

Tomou o café mas soube-lhe mal. Conversar de olhos bem abertos, surpresos, expectantes e incrédulos perante os sentimentos. Só isso importava. O errado e o certo indefiniam-se à frente deles, o resto do mundo estava num eclipse total. Porque a vida tem acontecimentos. Eles têm ecos, são consequências. Sim, acontece as pessoas encontrarem-se. E os encontros das pessoas produzirem efeitos: o efeito neles foi uma longa sucessão de factos. Foi. Das coisas simples, fizeram-se complicadas.
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Tudo se deu naquele dia, naquele encontro. Não sei se o primeiro, segundo ou terceiro. A ordem não importa. O instante sim. No momento etéreo quando o olhar olhou - entendeu - e o outro olhar só viu o que era magia. A vida às vezes faz-se em sintonia. Quando as vozes são da mesma ternura. Basta uma só vez para valer a pena.
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Sairam para a rua onde a noite entrava. Fria, triste e húmida, os olhares brilhavam. Não se sabe como, aproximaram-se. Ela teve que ir mas ele ficou. Até chegar tudo o que veio depois...(Tenho que recriar o resto da história!)